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Tornar-se verde compensa

Artigo conjunto do Presidente da Câmara de Copenhaga, Sr. Frank Jensen, e da Ministra de Comércio e Investimento da Dinamarca, Sra. Pia Olsen Dyhr. Maio 2012

O mundo precisa de uma transição verde. Isso é crucial para o bem-estar dos nossos filhos e netos. Em 2030, o mundo terá mais três mil milhões de consumidores de classe média comparativamente aos dias de hoje, o que colocará uma pressão maciça nos recursos terrestres e criará sérios riscos ao clima e ao meio ambiente.

Não há alternativa senão uma nova estratégia de crescimento. Precisamos de uma estratégia, nova e inteligente, em que criemos empregos através de soluções comerciais para os problemas dos recursos da Terra. Crescimento inteligente pode somente ser criado se todos participarmos conjuntamente – Governos, cidades, corporações e consumidores.

A poucos dias da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável no Rio de Janeiro (Rio+20), que será realizada 20 anos após a Cúpula da Terra, realizada na mesma cidade, em 1992, onde o meio ambiente estava no topo da agenda. Há muito sobre a mesa quando os líderes políticos se encontrarem no Brasil. A ambição da Dinamarca e da União Europeia é plena. É essencial chegar a um acordo com resultados específicos no Rio. Mas as negociações estão a ser levadas de forma bastante lenta. Estamos a assistir a um alto grau de cepticismo no que toca ao conceito de economia verde entre um número de países importantes.

Enquanto as perspectivas para alcançar um acordo político global consolidado estão misturados, é muito positivo ver quão forte os papéis que a sociedade civil, e especialmente os municípios e as empresas do sector privado, adquiriram, ou mais precisamente, assumiram. Eles ajudam a manter a pressão sobre os líderes mundiais. Ainda mais importante, os municípios e as corporações estão em processo de assumir posição de liderança e, talvez, de se tornarem os reais líderes na transição verde.

A capital dinamarquesa, Copenhaga, está a contribuir para mostrar o caminho. Copenhaga estabeleceu o objectivo ambicioso de se tornar a primeira capital mundial neutra em CO2 até 2025. Trata-se de um plano bastante ambicioso que requer esforços continuados de longo prazo. Mas é possível e nós demos início. Em 2011, Copenhaga reduziu suas emissões de CO2 em 21% em relação a 2005.

Recentemente, a Camara Municiapa de Copenhaga apresentou o plano sobre como Copenhaga se tornará CO2 neutra. No plano, propomos soluções que serão iniciadas com parceria entre actores dos sectores público e privado. Turbinas eólicas serão instaladas e investimentos feitos em painéis solares, e estações de energia serão convertidas de combustíveis fósseis para biomassa. No futuro, os moradores de Copenhaga andarão ainda mais de bicicleta, e investiremos em autocarros híbridos para o transporte público. Os prédios dinamarqueses serão renovados relativamente à utilização de energia, e os novos prédios serão eficientes nesse sentido.

Em retorno, os moradores de Copenhaga ganharão muito em termos de aumento de crescimento e qualidade de vida. Ar mais limpo, menos barulho e uma cidade mais verde irão proporcionar aos moradores de Copenhaga um melhor padrão de vida e criar mais empregos.
A boa notícia é que os investimentos trarão retorno. Não só em termos de um clima melhor, meio ambiente e melhoria das condições de saúde dos cidadãos de Copenhaga, mas também em termos de dinheiro vivo. Prevê-se que mais da metade dos investimentos feitos em melhorias na eficiência energética nas escolas, centros culturais, residências e escritórios serão pagos por intermédio de poupanças operacionais em 2025.

Os cidadãos de Copenhaga podem esperar poupar nas suas contas de luz e aquecimento equivalentes a US$ 50-75 dólares norte-americanos. E em tempo de crise económica, deve-se mencionar que os investimentos vão criar empregos – e que as novas soluções criarão as bases para um sector verde forte.

Há alguns anos, todo mundo falava a respeito de compartilhamento de conhecimento. E é verdade que cidades em todo o mundo podem e devem aprender umas com as outras. Mas devemos ser mais ambiciosos que isso; devemos transferir soluções de fato de uma cidade a outra. Não há a necessidade de se reinventar a roda em todas as cidades.

Copenhaga adquiriu ideias e conhecimentos de outras capitais, incluindo Londres, Hamburgo e Amsterdão. O modo como Copenhaga tem abordado a questão vai além de produtos e soluções delineadas; ao invés de focar na tecnologia - tubos, bombas, fios, software, etc. -, o foco tem sido a combinação de visão política, tecnologia, organização e conhecimento.

Assim como Copenhaga beneficiou com iniciativas testadas em outras grandes cidades, a ambição da cidade é que as soluções desenvolvidas e testadas em Copenhaga possam beneficiar outras cidades ao redor do mundo que também estejam em busca de soluções que reduzam o consumo de energia e as emissões de CO2. É um facto conhecido de que as cidades são responsáveis por 80% das emissões globais de CO2.

Por fim, a transição para uma economia verde só terá sucesso se for comercialmente sustentável. Tornar-se “verde” deve ser vantajoso. Essa é a ideia básica por trás deste ambicioso projecto da cidade de Copenhaga; em escala global, a transição industrial para uma economia verde tem potencial para criar novos modelos de crescimento e estimular o crescimento económico global.

Diante desse desafio, o governo dinamarquês, em cooperação com os governos do México e da República da Coreia, lançou uma grande iniciativa internacional, o Global Green Growth Forum (3GF). O objectivo do Fórum é facilitar e acelerar a transição global para uma economia verde - a próxima revolução industrial -, colmatando a lacuna entre política, capital, negócios e tecnologia. O 3GF oferece espaço único para estimular a discussão entre o público e o privado sobre soluções e iniciativas em áreas essenciais para o crescimento verde, tais como água, energia, finanças, comércio, biomassa, cidades e contractos públicos ecológicos.

À medida que os sectores público e privado encontram interesses convergentes no crescimento verde, novas oportunidades e formas de colaboração surgem. Os benefícios potenciais são grandiosos. Se conseguirmos colocar as empresas e os governos juntos para identificarem não apenas as barreiras, mas principalmente as soluções que levem a uma economia verde, o resultado pode ser um renovado impulso para a transição.

Temos a responsabilidade compartilhada de assegurar uma transição global verde. Os líderes políticos, os municípios e as empresas compartilham da tarefa de criar uma nova estratégia de crescimento inteligente, que garantirá que empregos e crescimento andem de mãos dadas com o desenvolvimento verde.